Festejar o profeta João Batista e o São João do povo

Festejar o profeta João Batista e o São João do povo. 3º Ensaio/ 4º Vídeo

Sanfona é instrumento de pobre, produz o som mais bonito no meio da feiura que causa precisão. Sanfoneiro, todo ele é um sofredor. Faz a alegria de todo mundo, ganha pouco, quando ganha, e não lhe dão o valor que merece. O povo só tem a sanfona como alento[…] Sanfona é o toque do mundo de dentro. Aonde há sanfona, há poeira. Aonde há forró, há uma alegria tão espremida entre a dor e a tristeza, que chega a ser um milagre ver dos rostos sofridos e encardidos, o riso derramado, corrido, que quase não saia, mas acabou saindo, arrebentando a rudeza e caindo em torrente atrás da sanfona.

[…]Sanfoneiro é uma coisa por demais importante, é o essencial, a necessidade básica e o luxo das horas boas. Sanfoneiro é profeta e ao mesmo tempo é boêmio, cúmplice da vagabundagem. Sanfoneiro é chamado para as horas mais insuspeitas […] Toca pro povo, toca nas feiras, mas também toca na mídia! Toca alegria, toca a tristeza, toca a fartura, toca a miséria, toca a noite, toca o dia, toca a ilusão, a decepção, o amor, o desamor ou o alento acuado no bom sentido e canta também […].”

 

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(Texto escrito por João Claudio Moreno para homenagear os 50 anos de carreira de Dominguinhos, num almoço receptivo de preparação para a Missa do Vaqueiro, no dia 27/07/2002 em Salgueiro-PE.)

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